O fígado é um dos órgãos mais importantes do corpo. É o principal responsável por funções fundamentais do organismo, como o armazenamento de glicose, produção de proteínas como a albumina e fatores de coagulação sanguínea, síntese do colesterol, excreção da bile, excreção e metabolização de substancias tóxicas e de alguns medicamentos. Além disso, tem uma grande capacidade de regeneração: quando uma pessoa saudável doa até 30% do seu fígado, o órgão consegue se recompor completamente.
Por isso, é compreensível pensarem que este é um órgão indestrutível. A realidade, porém, é bem diferente, incidência do câncer de fígado tem aumentado na população, sendo hoje o 6º tipo mais comum de câncer no mundo. O hepatocarcinoma, ou carcinoma hepatocelular (CHC), corresponde a 90% dos casos.
O CHC manifesta-se de forma sutil e silenciosa. O paciente pode apresentar dor ou sensibilidade abdominal, aumento do abdômen, perda de peso inexplicada, sangramentos e icterícia (tonalidade amarelada na pele e nos olhos). Por ser uma doença silenciosa, os sintomas raramente são apresentados nos estágios iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce. Além disso, estima-se que mais de 90% dos pacientes com CHC apresentam cirrose hepática. Por isso, é importante que pacientes que se encaixem em quadros com maior chance de desenvolvimento da doença estejam atentos aos pequenos sinais e realizem exames de rastreamento regularmente.
O tabagismo e a fumaça do tabaco são considerados fatores de risco e podem influenciar no desenvolvimento de todos os tipos de câncer. Contudo, o consumo abusivo de álcool, a alta ingestão de alimentos ricos em gordura e açúcar, a obesidade e as infecções causadas pelos vírus das hepatites B e C também são fatores de risco muito importantes para o desenvolvimento do CHC.
O melhor caminho na luta contra o câncer de fígado é o diagnóstico precoce – isso porque, quando o tumor é encontrado em fase inicial, o tratamento apresenta melhor resposta clínica. A detecção é feita por meio de exames de imagem (ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética), que podem ser acompanhados de exames de sangue para avaliação dos níveis de alfa fetoproteína (AFP).
A adoção da prática terapêutica mais adequada varia de caso a caso e leva em consideração o estágio e a evolução do tumor, a idade do paciente e suas condições clínicas, bem como a doença hepática de base, como a cirrose e as hepatites. Nos casos iniciais, a remoção cirúrgica do tumor e da parte do órgão que foi comprometida ou a ablação (ondas de rádio de alta frequência que aquecem o tumor e destroem as células cancerígenas) são os tratamentos mais indicados. Nesses casos, o transplante de fígado também pode ser considerado uma opção terapêutica. Para pacientes com estágio mais avançados, a medicina oferece cuidados com a administração local de quimioterapia e radiação para eliminar as células cancerígenas, radioterapia e atuais avanços que potencializam a resposta do sistema imune.