A pré-eclâmpsia é uma doença exclusiva da gestação, que ainda representa um grande impacto na saúde da mulher em todo o mundo, causando a morte de pelo menos 63 mil mulheres anualmente¹. Caracterizada pelo aumento da pressão arterial (hipertensão) e dos níveis de proteína na urina (proteinúria) a partir da 20º semana de gestação, a enfermidade pode gerar complicações que colocam em risco a vida da mãe e do bebê. Cerca de 15% dos partos prematuros e 42% das mortes maternas em países em desenvolvimento são causados pela doença², cuja prevalência é de difícil precisão por conta da subnotificação e da falta do diagnóstico correto. A data de 22 de maio é lembrada como o Dia Mundial da Pré-Eclâmpsia, que tem como objetivo conscientizar a população e os profissionais da saúde sobre os riscos e as formas de manejar corretamente a doença.
Cecília Zanetti - também chamada de Ciça pelos amigos e família - tem 35 anos, é professora de educação infantil e mora no interior de São Paulo, na pequena cidade de Águas da Prata. Ela desenvolveu a pré-eclâmpsia em 2016, mas já sofria de hipertensão crônica - sobre a qual informou ao médico durante o pré-natal, mas não recebeu nenhuma orientação específica. Durante as 20 primeiras semanas de gestação não teve problema algum. No entanto, depois de uma consulta de rotina que avaliou que sua pressão estava muito alta, o pesadelo começou.
“Foi um susto, principalmente porque eu não sentia absolutamente nada, não tinha dor de cabeça, não tinha mal estar", relembra. Ela precisou ser internada, mas ficou sem explicações, o que a fazia se sentir angustiada e solitária, como se tivesse sido deixada no escuro. Só quando foi transferida de hospital que os médicos explicaram o que se passava com ela e que precisava ser atentamente monitorada, pois fazia parte de um grupo de risco. Ciça passou por uma série de exames, sobretudo de sangue, de urina e de imagem. Seu caso era considerado mais sensível pela precocidade e, por um momento, Ciça teve medo de perder o bebê. O receio passou quando Zaion nasceu, com apenas 29 semanas. Mesmo prematuro, o parto foi um sucesso, o que só foi possível graças ao diagnóstico preciso, que possibilitou os cuidados adequados para mãe e bebê.
Hoje, Ciça quer alertar as mães - e os médicos - sobre a importância de estabelecer um diálogo franco e tirar todas as dúvidas durante a gestação, tendo atenção aos sintomas e a possíveis fatores de risco. “A partir do momento que eu tomei ciência do que estava acontecendo, me senti mais confiante”, afirma. “É uma história muito difícil, mas muito bonita, porque teve um final muito feliz”, completa.
“É uma doença complexa, que pode acometer muitos órgãos e ter uma apresentação clínica variada”, explica a Dra. Maria Laura Costa do Nascimento, professora associada do Departamento de Obstetrícia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) - Unicamp. Entre os sintomas de alerta estão inchaço, principalmente na face e mãos, aumento exagerado do peso, dor de cabeça intensa, dor no estômago (vômitos) ou dor no lado direito do abdome; alterações visuais (ver pontos brilhantes ou apresentar perda de visão) e dificuldade para respirar.
A médica ressalta que a pré-eclâmpsia não tem tratamento efetivo e só é curada com o parto e a retirada da placenta. Isso porque a doença tem origem na placenta, que produz proteínas fundamentais para a regulação da pressão durante a gestação. “O que determina os resultados é a capacidade de fazer o diagnóstico precoce e de cuidar da paciente para definir o melhor momento do parto”, ressalta a médica.
Ao longo dos últimos anos, foi possível identificar proteínas específicas, que podem ser medidas através de exames de diagnóstico para ajudar no manejo das mulheres afetadas pela doença. Principalmente nos casos de dúvida, nos quais os sintomas ainda são leves, a coleta desses biomarcadores pode auxiliar no diagnóstico, explica a médica.
Um exame de sangue, coberto pelos convênios médicos, pode ser realizado, na suspeita clínica de pré-eclâmpsia, a partir da 20º semana de gestação para auxiliar os médicos a avaliarem a razão dos biomarcadores importantes para identificar o risco de desenvolver a doença: o fator de crescimento placentário (PlGF) e a tirosina quinase-1 (sFlt-1). Desta forma, é possível identificar casos de maior risco, ajudando na decisão de internação e monitorização clínica rigorosa.
Ao mensurar o risco de desenvolver a doença, é possível proporcionar mais segurança e precisão no aconselhamento médico. Os biomarcadores auxiliam principalmente a descartar as chances de desenvolvimento da doença, evitando internações desnecessárias e garantindo um melhor atendimento durante o acompanhamento pré-natal.
As relações entre a covid-19 e a pré-eclâmpsia também têm sido motivo de investigação da medicina atualmente. Um estudo publicado em fevereiro de 2021 observou que mulheres positivas para a doença respiratória ficam duas vezes mais suscetíveis a desenvolver desordens hipertensivas durante a gravidez. Além disso, casos de infecção grave podem ter um acometimento de múltiplos órgãos, assim como a pré-eclâmpsia. Os biomarcadores estão sendo estudados como ferramenta para ajudar no diagnóstico diferencial nesta condição.
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fundação em 1896, na Basileia (Suíça). A divisão Diagnóstica da companhia é líder mundial em diagnóstico in vitro e tecidual de câncer, oferecendo um amplo portfólio de produtos, serviços e soluções exclusivas, incluindo Ensaios, Diagnóstico Digital, Gestão de Doenças, Automação de Laboratório e Softwares voltados para pesquisadores, médicos, pacientes, hospitais e laboratórios.
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